A palavra repolitica está associada á idéia de se refazer, ou seja, começar tudo de uma outra forma. No caso da politica, o autor da idéia, Francisco Withaker, propõe que os eleitores fiscalizem a Câmara.

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Francisco José Lins Peixoto Contatos: (82)3356-1509 Sugestões: franjolipeixoto@hotmail.com Organizei e toquei violão em um grupo de crianças da igreja católica, juntamente com minha esposa, Clara Maria Dick Peixoto. Ela cantou no grupo e era membro de um grupo de liturgia da Arquidiocese de Maceió. Leio, escrevo e falo inglês, e alemão.

domingo, 11 de fevereiro de 2007

O CRISTÃO E A POLÍTICA (1a Parte)

Este é também o título de um vídeo lançado pela editora católica Paulinas, que deve ser visto e discutido por ser um assunto de suma importância na atualidade.
Em 1996, o tema da Campanha da Fraternidade foi “FRATERNIDADE E POLÍTICA”. O vídeo das Paulinas é apresentado em forma de uma conversa com o Chico Whitaker, em que ele informa que os temas das Cfs são escolhidos através de um processo bastante amadurecido. As Cfs começaram em 1964 e os temas são escolhidos com 2 anos de antecedência, como resultado da reflexão de inúmeras comunidades. Os primeiros anos, até 1972, foram com temas voltados para dentro da Igreja Católica, como um acerto de ponteiros face às conclusões do Concílio Vaticano II. A partir daí, a Igreja resolveu abordar temas sociais voltados para fora, ou seja, para inserção do cristão no mundo. O tema de 1995 resume todos os temas desde 1972, que foi FRATERNIDADE E EXCLUSÃO. O tema de 1996 dá continuidade ao de 1995, pois mostra as causas da exclusão. Uma pessoa que não tem capacidade de compra não tem como participar dos bens disponíveis nas lojas e supermercados, portanto excluída, em parte, da vida social e da possibilidade de subsistência. Há 32 milhões de pessoas fora do consumo desses bens, afirma o Chico Whitaker.
Acredito que apenas uma porcentagem dos católicos aproveitaram o ano de 1996 para fazer uma reflexão mais prolongada sobre o tema da CF daquele ano. Geralmente a CF começa a ser divulgada em janeiro e fevereiro de cada ano, com os ensaios dos cantos e leitura dos textos, atingindo o ápice na quarta-feira de cinzas, quando ocorre o seu lançamento oficial nas igrejas. Embora devesse funcionar durante todo o ano, é praticamente esquecida após os 4 ou 5 domingos em que seus cânticos são mantidos nos folhetos das missas.
No meu caso, foi possível organizar um pequeno grupo que se reuniu todas as segundas-feiras, na Paróquia de São João Evangelista, em Oswaldo Cruz, na cidade do Rio de Janeiro. Curiosamente, a pessoa mais motivada e bem informada do grupo, o sr. Aurines Cabral, não era católico praticante, e o grupo era de 6 a 8 pessoas. Apesar dos inúmeros avisos nas missas, da distribuição de textos e cartazes, colagem de cartazes nos postes das ruas e pontos de ônibus, o número de participantes não aumentou. O pároco, Monsenhor Gilson Fernandes, nunca esteve presente nas reuniões, nem mesmo o representante da CF junto ao vicariato, nomeado por ele, participou das reuniões. Em uma dessas segundas-feiras, estávamos aguardando a chave do salão paroquial, que estava reservado para o nosso encontro. Já passada a hora regular, percebemos um estranho cortejo, com as luzes todas apagadas. Assim, alguém abriu o salão e nós entramos, juntos com todos os paroquianos que participavam do cortejo, uma estranha procissão. Dentro do salão, acenderam-se as luzes e numa atmosfera estereotipada de estonteante alegria, comemorou-se o aniversário da irmã Margarida, a freira diretora espiritual da paróquia. O sr. Aurines Cabral aproveitou as iguarias e bebidas oferecidas, deu os parabéns, e preferimos não mencionar a nossa decepção, deixando o estudo do tema da CF para a segunda-feira seguinte.
Mesmo assim, mantivemos nossa firmeza, constância e interesse pelo tema. Fui à Biblioteca Nacional e retirei cópia de todos os Diários Oficiais, na parte que tratava da Lei de Formação dos Partidos Políticos e suas modificações. Isso me permitiu suspeitar que os partidos políticos não estejam cumprindo grande parte das exigências desta lei.
Para explicar a exclusão, o Chico Whitaker faz uso da parábola do bom samaritano. A lição que Jesus ensinou foi que uma pessoa da Igreja e outra do governo, na época, passaram e não socorreram o ferido, mas um homem do povo o fez. Transportando para os nossos dias, parece que a lógica permanece, nesse caso cabendo aos cidadãos comuns resolverem o problema. Então o Chico Whitaker argumenta que não poderíamos socorrer cada um dos 32 milhões de excluídos, levando-os para nossa casa, dando comida e dinheiro. Mas há uma forma, que faz parte da atualidade, que nos permite lutarmos para que não haja tantos excluídos. A política é uma ferramenta capaz de podermos com ela trabalhar para eliminar as causas estruturais que fomentam as injustiças.
Mas alguém poderia perguntar: Mas só agora a Igreja está se preocupando com isso? A resposta é não. No final do século passado já houve um papa que falou da questão social. O papa João XXIII disse: “Vamos abrir as janelas do Vaticano e arejar um pouco isso aqui.” Em 1960, sentiu-se cada vez mais a necessidade da Igreja estar presente no mundo. O que ocorre é que as pessoas não pesquisam e não estudam as encíclicas sociais dos papas, como a Laborem Exercens e a Chistifideles Laici, ambas de João Paulo II. Exemplo semelhante ao descrito por mim na paróquia de São João Evangelista, com relação ao tema da CF-96, ocorreu na paróquia de N. S. da Piedade, no bairro de Piedade, Rio de Janeiro, cujo pároco era o Pe. João Sales, quando tentamos criar um círculo de estudos para refletir a Laborem Exercens. A Chistifideles Laici (Leigos fiéis a Cristo) é mais importante para nós leigos, da qual até incluí várias citações como fecho do texto “O Cachorrinho Adestrado do PT”, dirigido principalmente aos irmãos e irmãs da nossa Igreja de Mendes. Esse texto foi escrito como esperança de um diálogo, que até hoje não ocorreu.
Em 1965, foi se aprofundando essa necessidade de estar no mundo, e a Igreja foi questionando que caminhos poderia trilhar para alcançar este objetivo. Essa idéia nasceu quando a Igreja procurou se atualizar em relação ao Concílio Vaticano II. Questionou-se qual o objetivo da Igreja. Então, pelos anos 80, a Igreja achou que devia redefinir o que se chamavam Linhas de Evangelização, chamando-as de Dimensões (Como um cubo que tem 6 faces e não pode prescindir de nenhuma delas, pois deixaria de ser um cubo). Assim, as 6 dimensões dariam a pista para que a pessoa se sinta um cristão autêntico e praticante. Vamos enumerá-las:
1a DIMENSÃO: Comunitário-participativa. Evangeliza-se enquanto comunidade, por ser um grupo que se mostra fraterno. Não é um exército que dá ordens, uma vez que ninguém se converte porque alguém mandou.
2a DIMENSÃO: Anúncio-missionária. Se um grupo for fechado, não é Igreja. Ele não pode viver para si mesmo. Um grupo que se preocupa só com os seus componentes é denominado de corporação, daí a palavra corporativismo.
3a DIMENSÃO: Bíblica-catequética. Temos que estudar permanentemente, tentando entender tudo que está escrito na Sagrada Escritura. Devemos sempre aprofundar a compreensão. Pode ser até um grupo de intelectuais, mas deve fazer parte de uma comunidade.
4a DIMENSÃO: Litúrgica. Ali a pessoa se alimenta e se fortifica. Mas não pode ser uma coisa separada, que apenas reza e se reúne. A própria celebração tem um momento de aprofundamento, onde se reflete a Sagrada Escritura ligada aos temas atuais. Por muito tempo, esta foi a única dimensão visível da Igreja. Ainda hoje, muitas pessoas acham que só precisam ir às cerimônias na igreja, ou participar de círculos restritos de oração.
5a DIMENSÃO: Ecumênica. Evoluiu de 1965 para cá, incluindo todas as confissões que estavam separadas, após a reforma de Lutero. Vemos que devemos ter respeito uns pelos outros, incluindo pessoas até que não são cristãos, mas praticam boas obras.
6a DIMENSÃO: Sócio-transformadora. Transformar as regras de convivência entre as pessoas, de modo que o mundo seja mais fraterno. Essa dimensão resume todas as outras. As outras dimensões são mais fáceis de serem seguidas, sendo até uma capa protetora para a nossa pessoa. Mas a 6a Dimensão é um desafio, nos descobre. A política se situa nesta dimensão, e especificamente também a política partidária. Devemos tentar articular as 6 dimensões e fazer com que a comunidade as viva em conjunto. As palavras SERVIÇO - ANÚNCIO - TESTEMUNHO - DIÁLOGO, se refletidas e dialogadas, ajudam a conseguir esse objetivo. Essa parte pode ser ouvida a partir da fita de vídeo.
Gostaríamos de marcar um encontro para apresentá-la, com um debate posterior.
Na reunião de Liturgia da Matriz de Santa Cruz, realizada no dia 06/06/2000, com início às 19h, o Pe. Sebastião propôs que se convidassem as pessoas em geral para um encontro, com apresentação da fita de vídeo e debate. A sugestão foi para a primeira terça-feira após o dia de Corpus Chisti, que foi aprovada por unanimidade por cerca de 20 pessoas presentes. Assim sendo, convidamos a todos para esse evento.

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