A palavra repolitica está associada á idéia de se refazer, ou seja, começar tudo de uma outra forma. No caso da politica, o autor da idéia, Francisco Withaker, propõe que os eleitores fiscalizem a Câmara.

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Francisco José Lins Peixoto Contatos: (82)3356-1509 Sugestões: franjolipeixoto@hotmail.com Organizei e toquei violão em um grupo de crianças da igreja católica, juntamente com minha esposa, Clara Maria Dick Peixoto. Ela cantou no grupo e era membro de um grupo de liturgia da Arquidiocese de Maceió. Leio, escrevo e falo inglês, e alemão.

domingo, 11 de fevereiro de 2007

A POLÍTICA SANTA

No dia 09/08/2001, fui participar da Adoração ao Santíssimo na capela de Santo Antonio, no Jacintinho. Nos momentos finais, faz-se uma leitura do Evangelho e uma explicação da Palavra. Nesse dia, coube a leitura do Capítulo 16 de Mateus, momento em que Pedro exprime sua Fé e há o primeiro anúncio da Paixão.

Fui chamado a participar dos comentários deste trecho, tendo que ir à frente do altar, onde estava o Ministro da Eucaristia. Como se tratava de uma passagem muito conhecida, fiz apenas uma rápida recordação do que foi lido e passei a perguntar a todos quantos capítulos tinha cada um dos Evangelhos. Embora não seja isto vital para a prática da Fé, o manuseio freqüente da Bíblia poderia trazer isto à memória. Entre os que estavam sentados, nenhum tinha uma bíblia consigo e nenhum respondeu à pergunta. Porém os números 16 e 21, correspondentes aos capítulos dos Evangelhos de Marcos e João foram logo citados quando se recorreu à correspondência dos animais leão e touro da tabela do jogo do bicho.

Talvez estejamos habituados a um ritual repetitivo, cheio de palavras, mas realmente sem por em prática a essência do que Cristo quer, que é a forma como devemos nos relacionar quotidianamente.

Passei então a descrever o que aproveitei da reunião sobre drogas, que ocorrera na noite anterior, no colégio Kátia Assunção, promovido pelos estudantes secundaristas, com o tema “Vida sim, drogas não”. Comecei a narrar o incidente causado por uma pergunta feita ao vereador Cícero Almeida pelo diretor do projeto Catarse em Maceió. Este perguntou porque o radialista não tratou o sobrinho do Governador da mesma forma que trata os criminosos de origem humilde. O Cícero Almeida, com grande energia, respondeu que ele era um profissional e não o dono da TV. Alegou que tinha feito a reportagem, mas esta não foi utilizada pelos responsáveis. Disse ainda que o seu interlocutor tinha perdido o emprego por fazer o que não estava autorizado, enquanto ele continuava trabalhando e respeitado pela sociedade. Com isto ele foi aplaudido pelos presentes, enquanto o representante do projeto Catarse silenciou.

Mas assim que eu tinha iniciado a narração, fui interrompido pelo Ministro, que alegou não ser o momento para tratar de política. Como eu insisti em continuar, ele colocou em votação se os presentes queriam ouvir a explicação do Evangelho ou a narração do sr. Francisco. Eles me concederam 3min para terminar e eu utilizei apenas 2min.

O Ministro começou falando de um poço que os políticos proibiram de fazer, depois discorreu sobre a Palavra Sagrada, terminando por desaprovar os políticos, e dizendo que não se deve tratar de assuntos temporais na igreja.

Por volta das 21:00h solicitei um aparte e lhe fiz apenas uma pergunta: “Queria saber se ele estava falando de política de forma competente e autorizada ou se o seu objetivo era causar aos irmãos antipatia pelo assunto”.

Encerrado o ato litúrgico, conversei com o Ministro e com diversas pessoas, dizendo que o fato de alguém ter se decepcionado com determinado tema não significa que todas as outras pessoas tenham que enveredar pelo mesmo caminho. Por exemplo, fiz ver a eles que muitos pais de família provocam nos seus filhos repulsa pelo casamento como fruto apenas de seu fracasso pessoal. No entanto, existe o sexo e o casamento santo. Da mesma forma existe a política santa, recomendada pelo papa na sua encíclica Christifideles Laici. Ou seja, as coisas temporais podem, e devem, ser santificadas com a inserção do cristão que se prepara para tal. Concluímos que as pessoas que se encontram em posição de liderança e não se sintam preparadas para falar de política, devem ceder e abrir espaço para que outras, com bagagem e carisma, o façam.

A primeira argumentação é que o Papa quer os cristãos inseridos no mundo da economia, das ciências sociais, e da política, porque deixar esses espaços vazios é correr o risco de que inimigos do Evangelho decidam tudo sozinhos. Mas isso não significa ocupar os espaços de forma intempestiva, sem o devido estudo e preparação.

Vamos analisar alguns fatos da política brasileira, e aos poucos poderemos ir distinguindo essa forma de fazer e entender política (A), que difere da política santa (B).

1) A) Os políticos prometem muitas coisas e falam sobre isso com muita convicção e seriedade.

B) As pessoas que praticam a política santa não dão atenção a promessas, mas procuram conhecer o Orçamento Municipal e saber quais são as reais possibilidades do município. Sabem que já existe o Orçamento Participativo e tratam de escolher representantes que defendem essa forma democrática de gerir os recursos disponíveis.

2) A) As pessoas costumam se decepcionar com as promessas não cumpridas e ficam maldizendo os políticos.

B) Na política santa, os políticos, pessoas que representam o povo na democracia representativa, devem ser apontados pelo povo desde às primeiras reuniões, nos partidos, para indicação dos pré-candidatos. Depois, nas Convenções, com a presença relevante de cristãos, são aceitos como candidatos a representantes do povo. Caso eleitos, serão continuamente acompanhados, fiscalizados e ajudados a desempenhar o seu papel. Não cabe , portanto, reclamação.

3) A) As pessoas tratam de política de forma acidental, desordenada e individualizada. Geralmente nos pontos de ônibus ou quando são atingidas por essa política nefasta.

B) Os que praticam a política santa sabem que nada será possível sem um grupo suficientemente grande e organizado. Por isso aprendem a se comportar nas reuniões comunitárias e promovem cursos e debates sobre o assunto.

4) A) a política brasileira não incentiva a filiação partidária, ocorrendo em número insuficiente e de forma deturpada.

B) A política santa faz com que cada um perceba a necessidade absoluta de uma filiação partidária, junto com outros que defendam a mesma causa.

5) A) Os políticos dão grande importância ao chamado período eleitoral, que ocorre de 2 em 2 anos. A população é induzida a acreditar que tem o poder de escolher um bom representante entre os oferecidos, mesmo que alguns eleitores digam: “Não vejo em quem possa votar”.

B) Os que participam da política santa sabem que a tão propalada eleição de 3 de outubro seria apenas uma conclusão do que teria sido mais importante: a ampla participação dos cidadãos, no interior dos partidos, para indicação dos candidatos. Sabem eles que isto possibilita uma melhor escolha dos candidatos, mas sobretudo estabelece uma dependência e respeito dos representantes pelos representados, elementos indispensáveis para um controle e colaboração durante o mandato eletivo.

6) A) As pessoas que não entendem do assunto acham que a política está somente relacionada à eleição de candidatos. A frase de uma líder comunitária de um povoado do interior de Alagoas retrata bem essa cultura: “Política é uma coisa que a gente só trata de 4 em 4 anos”.

B) A política santa trata do assunto diariamente, porque acha que a eleição deve ser preparada com muita antecedência e porque o acompanhamento do mandato é tão importante quanto a eleição. Deveria ocorrer muitas pessoas preocupadas em exercer o controle democrático sobre os políticos, precisamente pelo fato de não desejarem se dar ao trabalho de legislar ou administrar, mas porque não desejam também ver as verbas públicas desviadas para outros fins.

7) A) A política brasileira induz a todos que os candidatos já estão indicados, muitas vezes por figurões. Por exemplo, uma estação de rádio dedica um longo tempo a uma entrevista com um desses figurões da política, onde o entrevistador, pessoa também de grande conceito na sociedade, pergunta quais as pessoas que ele indicaria para representantes do povo.

B) A política santa esclarece a todos que a indicação dos candidatos deve ser feita de forma democrática, a partir das bases dos partidos políticos.

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