A palavra repolitica está associada á idéia de se refazer, ou seja, começar tudo de uma outra forma. No caso da politica, o autor da idéia, Francisco Withaker, propõe que os eleitores fiscalizem a Câmara.

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Francisco José Lins Peixoto Contatos: (82)3356-1509 Sugestões: franjolipeixoto@hotmail.com Organizei e toquei violão em um grupo de crianças da igreja católica, juntamente com minha esposa, Clara Maria Dick Peixoto. Ela cantou no grupo e era membro de um grupo de liturgia da Arquidiocese de Maceió. Leio, escrevo e falo inglês, e alemão.

domingo, 11 de fevereiro de 2007

IMPLOSÃO DA DEMOCRACIA NA COMUNIDADE SANTO ANTÔNIO

Histórico - Segundo o paroquiano Vando, participante ativo do processo de democratização da Comunidade, faz 21 anos que participa dessa comunidade. Ele votou contra a proposta defendida por alguns representantes presentes na Assembléia da Comunidade, no dia 16/02/2003. Essa proposta, que foi vitoriosa pelo placar de 31 X 14, foi colocada inicialmente pelo Pe. Hesíodo, missionário Vicentino, que está a serviço dessa Comunidade há cerca de 1 ano. Segundo o Vando, a democratização foi sugerida e implantada pela equipe de freiras canadenses que prestaram serviços ali, na época de sua adolescência.

Resultados da democratização - A Comunidade se acostumou a eleger os seus representantes, a partir dos grupos ativos da Comunidade, e realizar reuniões mensais para analisar, planejar e decidir todos os assuntos de interesse da Comunidade. A realização de uma Assembléia Anual, eleição de representantes para participar da reunião mensal do Conselho Paroquial, eleição de representantes para Assembléia Anual da Paróquia, planejamento de eventos litúrgicos, prestação de contas das arrecadações e gastos, discussão dos conflitos internos, são exemplos da utilidade desse Conselho. Assim, houve sempre muita iniciativa do povo para realização de muitas tarefas, através dos seus Ministros da Eucaristia, Catequistas, Coroinhas, Animadores, Representantes, etc. Assim, um único pároco conseguiu administrar um conjunto de 11 Comunidades durante anos

Outro fato ligado a esse processo foi o Jacintinho ser reconhecido como fonte de efervecência social e política, comparado com o quadro existente em outras paróquias da Arquidiocese, ou mesmo em outros bairros da capital. A Pastoral Política da Paróquia de N. S. das Dores, é um exemplo mais recente desse comportamento.

Análise da ocorrência - Tudo se passou como um povo que defendeu a democracia, e, vendo que não souberam utilizá-la, votam "democraticamente" para que seja instalada a ditadura. Transportando para uma analogia com o cristianismo poder-se-ia dizer: Estivemos com Cristo durante muitos anos e não deu certo, porque não dar uma oportunidade ao demônio?

A Assembléia da Comunidade, realizada no dia 16/02/2003, ocorreu num clima de apatia e sonolência desde às 7h até às 16h, que foi a hora estipulada para o encerramento. Foi aí que foi colocada a notícia da abolição da Coordenação instituída pelo Pe. Bonifácio, do Conselho de representantes eleitos (órgão máximo de decisão) e da Coordenação de Formação eleita, sendo tudo isso substituído por uma Coordenação, cujos membros serão indicados pelo Padre. Então surgiu uma voz que não estava programada, a do paroquiano Vando. Diante disso, o Padre recuou, até se desculpando e explicando alguns procedimentos unilaterais, como a retirada da imagem de Nossa Senhora. Como muitos paroquianos presentes manifestaram opiniões contrárias à continuidade da democracia, o Pe. Hesíodo resolveu colocar em votação a sua proposta, no sentido de se isentar de impor uma ditadura do clero. Nesse clima, várias pessoas se inscreveram para defender suas idéias, com o controle das inscrições a cargo do Fernando. A falação mais aplaudida, a favor da proposta do Padre foi a da Divanilza: "O Pe. Bonifácio disse, há um ano atrás, que ia experimentar o caminho democrático, mas se não fosse bem sucedido, após um ano, ele mudaria tudo. Assim, vamos dar um voto de confiança ao Pe. Hesíodo e deixar que ele resolva". Logo em seguida, houve um desejo de manifestação por parte da Assembléia, mas a exemplo dos judeus no dia do julgamento do Nosso Senhor, não houve aquiescência para reabertura de inscrições com direito ao uso da palavra porque as inscrições foram encerradas. Sequer, foi colocada em votação essa "questão de ordem" proposta por um dos membros da comunidade. Além do mais, já se percebia açodamentos vindos de todos os cantos da CASA DE FORMAÇÃO, tais como: "Toda reunião aqui termina em briga". Nada mais podia ser feito. O próprio Fernando se encarregou de efetuar a contagem dos votos nominais, em clima de grande nervosismo e estupefação.

Ingredientes que alimentaram esse episódio - Assim como o subdesenvolvimento é um resultado de um contexto histórico (recomendamos o estudo do livro didático GEOGRAFIA, O subdesenvolvimento e o desenvolvimento Mundial e o estudo da América, de Melhem Adas, Vol. 3, Capítulos 2 a 6, editora Moderna, 1998), acreditamos que o povo não votou a favor da ditadura, mas não teve a oportunidade de ouvir alguém que lhe mostrasse as vantagens da democracia. Nem a democracia nem uma infinidade de outras coisas que deram certo nas mais desenvolvidas nações do mundo podem ocorrer num mundo subdesenvolvido, sem a percepção de que há inúmeros requisitos necessários ao pleno desenvolvimento daquilo que se deseja. Assim, achamos que um dos ingredientes que pode ter motivado essa precipitada votação foi o grau de descontentamento da comunidade em face de problemas mais ou menos graves que vem ocorrendo no seu seio sem que as representações do Conselho tenham tomado as devidas providências. O sofrimento causado por essa situação de imobilização e indiferença foi maior do que a esperança de uma solução pela via democrática, preferindo-se uma mais imediata, mesmo sendo ditatorial, mormente essa consagrada pela tradição: o Padre tem autoridade para mudar as coisas de forma unilateral, assumindo tudo, ou seja, sem que ninguém tenha que assumir a crítica ao companheiro ou tenha que sujar as mãos. Nesse caso, esquecendo-se de que está negando um princípio fundamental que é o da democracia. A votação, como outras técnicas para que se exerça a democracia, deve ser utilizada sempre com prudência, através de diversas etapas iterativas, como sejam: pauta previamente anunciada, informes, esclarecimentos, questões de ordem, defesas a favor e contrárias, reaberturas de inscrições, adiamento das decisões...

Senão vejamos como a democracia foi utilizada para a eleição do papa João Paulo I, cujos regulamentos foram meticulosamente preparados pelo papa Paulo VI. Todos os cardeais foram obrigados a renovar o Juramento de Sigilo, depois que as pessoas alheias à eleição deixaram a capela Sistina. Dessa forma, assegurou-se o cumprimento desse ítem, no caso de lapso de memória sofrido por algum cardeal antes do ingresso no Conclave. Em seguida, foi feita uma revista completa de toda a área do Conclave, à procura de alguém que pudesse ter se escondido ali. Depois, todos os presentes foram fisicamente revistados e fez-se uma chamada geral na Capela. A fim de que ninguém de fora tentasse entrar, Paulo VI também dera instruções para que o pessoal do Vaticano, inclusive os guardas suíços, vigiasse atentamente os arredores da Capela Sistina, além de todas as janelas fechadas e lacradas. Os regulamentos determinavam que cada cardeal disfarçasse sua letra no cartão de votação, que ficava reduzido a menos de 2cm, depois de dobrado duas vezes. Eram escolhidos os escrutinadores e mais 3 cardeais para fiscais. Os votos eram apurados, conferidos, e verificados pela terceira vez, a fim de se certificar que nenhum cardeal votara duas vezes. As votações sucessivas apresentaram os seguintes resultados:

1a VOTAÇÃO

2a VOTAÇÃO

3a VOTAÇÃO

4a VOTAÇÃO

Siri - 25

35

15

11

Luciani - 23

30

68

99 (João Paulo I)

Piguedoli - 18

15

10

Lorscheider - 12

12

1 (Voto de Luciani)

Baggio - 9

Fonte: EM NOME DE DEUS, David Yallop, Ed. Record, págs 89 a 110.

Conclusão - A democracia já havia sido minada pela criação da Coordenação, com a justificativa de que se precisava agilizar algumas decisões entre uma reunião do Conselho e a próxima. E foi justamente esse fato que mais introduziu distorções no dia a dia da vida comunitária, que deveria ter sempre seguido os princípios do Evangelho.

O Conselho não se mostrou interessado em debater os problemas que afetavam a Comunidade quando estes eram causados por pessoas do próprio Conselho ou que envolviam amigos do mesmo grupo político. O Pe. Bonifácio fez uma séria denúncia disso ao dizer, numa missa dominical, que os grupos iriam ser extintos, por ele, se seus representantes não comparecessem à reunião mensal, pois na última somente 6 grupos estavam presentes, de um total de 26. Ele frisou que não poderia haver decisões sem quorum, portanto, sendo extintos os grupos faltosos, haveria quorum, mesmo com apenas 4 pessoas presentes e a Comunidade poderia caminhar. Era um problema ligado ao Centro Comunitário.

Maceió, 22 de fevereiro de 2003

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