Mateus 19, 16-26
e o sentido prático atual
O jovem rico (Mc 10,17-27; Lc 18,18-27) - 16Aproximou-se
dele um jovem e disse-lhe: «Mestre, que hei-de fazer de bom, para alcançar a
vida eterna?» 17Jesus respondeu-lhe: «Porque me interrogas sobre o
que é bom? Bom é um só. Mas, se queres entrar na vida eterna, cumpre os mandamentos.» 18«Quais?»
- perguntou ele. Retorquiu Jesus: Não matarás, não cometerás adultério, não
roubarás, não levantarás falso testemunho, 19honra teu pai e
tua mãe; e ainda: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. 20Disse-lhe
o jovem: «Tenho cumprido tudo isto; que me falta ainda?»
21Jesus respondeu:
«Se queres ser perfeito, vai, vende o que tens, dá o dinheiro aos pobres e
terás um tesouro no Céu; depois, vem e segue-me.» 22Ao ouvir isto, o
jovem retirou-se contristado, porque possuía muitos bens.
23Jesus disse,
então, aos discípulos: «Em verdade vos digo que dificilmente um rico entrará no
Reino do Céu. 24Repito-vos: É mais fácil passar um camelo pelo fundo
de uma agulha, do que um rico entrar no Reino do Céu.» 25Ao ouvir
isto, os discípulos ficaram estupefatos e disseram: «Então, quem pode
salvar-se?» 26Fixando neles o olhar, Jesus disse-lhes: «Aos homens é
impossível, mas a Deus tudo é possível.»
Vamos lembrar aqui que Jesus
repreendeu Judas quanto a vender o perfume e dar o dinheiro aos pobres (Mt 26,
9-11). O pobre pode também ser interpretado como um indivíduo que nasce
portando uma grave deficiência. Nesse caso, mesmo que ocorra uma situação
econômica para o mundo em que todos sejam ricos de coisas materiais, ainda
sobra essa hipótese para que se cumpra o que esta escrito em Mc 13, 31 :
“Passará o céu e a terra, mas as minhas palavras não passarão”.
Do
ponto de vista moderno, não é razoável que se venda tudo e dê o dinheiro aos
pobres, pois a organização social do nosso século é radicalmente diferente
daquela que existia na época de Cristo. Porém pode-se ajustar o mesmo sentido
de Mt 19, 16-26, e de Mc 13, 31, se procedermos a uma ação persistente,
planejada e corajosa para diminuir, cada vez mais, o número de pobres que
habitam o nosso planeta, da seguinte forma:
1)
Divulgar a utilidade do Planejamento Familiar e consequente Controle da
Natalidade, estudando, pesquisando como isso se processou em outros países, e
divulgando os resultados. Descobrir uma forma de fazer a sua propaganda, como
por exemplo: nas Sessões Públicas dos parlamentos, nas redes sociais, no boca a
boca etc (ver Bibliografias 1 e 2).
2)
Sendo você um político, reconhecer os defeitos da própria corporação, evitando
fazer uso dessas vantagens.
Conclusão 1 - Apenas com esses dois
exemplos já podemos concluir que a pessoa ao se esforçar para cumprir o que
consta em Mt 19, 17 (Basta cumprir os mandamentos para alcançar a vida eterna),
corre o risco de ser discriminado, odiado, e excluído da comunhão com seus
pares, e por consequência: empobrecer.
Isso passa a ser muito parecido com a radicalidade de Mt 19, 16-26. Daremos outros exemplos como forma didática de
fundamentar as nossas conclusões de que essa passagem do Evangelho, Mt 19,
16-26, é passível de ser colocada em prática nos dias de hoje.
3)
Um advogado, tem grande dificuldade de exercer sua profissão em coerência com
Mt 19, 17 quando existe um domínio na sua corporação voltada para receber propina.
Muitos jovens formados em Direito abandonaram o exercício direto da profissão
por se sentir impotentes diante da grandeza dessa corrupção e do poder absurdo
dos que impõem esse esquema (Ver Bibliografia
2).
4)
Os professores também não conseguem exercer seu trabalho a contento devido a
colegas que não se dedicam à nobre missão de ensinar, e ainda defendem a
impunidade para os colegas que faltam às aulas.
5)
Os padres têm enorme dificuldade de praticar o evangelho, devido à forma como
se comprometeram com sua corporação, desde o seminário até à pratica efetiva da
profissão (Ver Bibliografia 3).
Conclusão 2 – Ao continuar a redação
desse texto, percebi que a Conclusão 1 permite a enunciação de um corolário
decorrente da mesma, que se comprova pelas experiências vividas e criticamente
observadas pelo autor, ou seja, o cumprimento da passagem do Evangelho, Mt 19,
17, fatalmente obriga a pessoa a cumprir a outra passagem, Mt 19, 21.
Desse
modo, o que seria uma radicalidade facultativa (“Vender tudo que tem e dar aos
pobres”) passa a ser uma obrigatoriedade nos dias de hoje, em muitos pontos do
território brasileiro.
Assim,
um pequeno comerciante ou empresário, ao cumprir os mandamentos, leva a uma
situação de insolvência de suas empresas. Se isso ocorre de forma consciente,
ele está dando aos pobres, pois deixou um exemplo de firmeza nos princípios da
fé.
Da
mesma forma, com os nascimentos inadequados, devido à falta completa de um
Planejamento Familiar, todos nós estamos solidariamente empobrecendo porque as
leis sociais obrigam a suprir a todos esses excedentes de suas necessidades
básicas de sobrevivência. Nesse caso, fica difícil a interpretação de que
estamos realmente dando nossas economias aos pobres, pois não parece racional
que o aumento aleatório da população seja uma forma adequada de proporcionar
bem-estar para o resto das pessoas, principalmente quando não há um
Planejamento Econômico paralelo que venha a suprir todas as necessidades do
acréscimo da população, além de ter que se considerar a degradação do meio
ambiente. Além do mais, toda essa gama de procedimentos e táticas de extorsão
efetivamente empobrece o praticante de Mt 19, 17, mas não garante que os
recursos provenientes dos achacamentos se destinem aos pobres.
6)
Assinalamos a Bibliografia 4 como um dos exemplos emblemáticos do que
escrevemos na Conclusão 2. Essa Bibliografia trata do caso em que cobramos os
aluguéis de um imóvel a partir de 1997, sem sucesso. Resolvemos apelar para a
Justiça em 08/02/02 e só em 30/08/19 o cidadão foi intimado para desocupação do
imóvel. Estamos ainda aguardando o desenrolar dos acontecimentos, uma vez que
existe um prazo de 30 dias a favor do réu. O aluguel era de R$ 25,00, e só com
os advogados já gastamos cerca de R$ 13.000,00, além dos gastos acessórios e de
um esforço incessante para acelerar o andamento dos processos, que consumiu boa
parte do nosso tempo de vida no planeta Terra..
Bibliografia
1 – Discurso na Sessão Pública da Câmara
de Maceió, em 08/08/19, Youtube: Francisco Peixoto/Videos Antigos/Audiência
Pública 08/08/19.
2 – Discurso na Sessão Pública da Câmara
de Maceió, em 26/08/19, Youtube: Francisco Peixoto/Videos Antigos/Audiência
Pública 26/08/19.
3 – Em nome de Deus, David Yallop –
Editora Record, tradução de A. B. Pinheiro de Lemos, 1984.
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Maceió,
04/09/19
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João Galilei
www.repolitica.blogspot.com
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