A palavra repolitica está associada á idéia de se refazer, ou seja, começar tudo de uma outra forma. No caso da politica, o autor da idéia, Francisco Withaker, propõe que os eleitores fiscalizem a Câmara.

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Francisco José Lins Peixoto Contatos: (82)3356-1509 Sugestões: franjolipeixoto@hotmail.com Organizei e toquei violão em um grupo de crianças da igreja católica, juntamente com minha esposa, Clara Maria Dick Peixoto. Ela cantou no grupo e era membro de um grupo de liturgia da Arquidiocese de Maceió. Leio, escrevo e falo inglês, e alemão.

terça-feira, 20 de maio de 2014

ÁGUA DE OSWALDO CRUZ






ÁGUA DE OSWALDO CRUZ

Por João Galilei


INTRODUÇÃO – Estávamos residindo no bairro de Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, quando fomos surpreendidos com a falta da água suprida pela prefeitura local. Era o início do mês de janeiro e o verão exalava um calor escaldante. Fomos à sede da Companhia no bairro de Madureira e sentimos uma grande dificuldade de encontrar alguém para ouvir as nossas reivindicações. Foi então que vi uma senhora em um dos guichês a se lamentar. Descobrimos que ela morava próximo à nossa residência e estava aflita porque tinha uma pessoa doente em casa e ainda esperava visita de parentes. Como atender às necessidades da casa sem água nas torneiras? Nesse momento, percebi que o problema não era apenas nosso e que talvez pudéssemos conseguir juntar um bom número de descontentes com a situação de falta absoluta de água. Tivemos a idéia de escrever um cabeçalho para coletar as assinaturas de quem estivesse disposto a lutar pela solução do problema. Pedimos permissão a alguns comerciantes para afixar os cartazes com a data e local da reunião. O local escolhido foi a sede da Associação local, pois nos pareceu o mais independente possível. Esse cartaz corresponde ao Documento no 1 mostrado abaixo.
            Aproveitamos para apresentar uma das nossas anotações da época:




REUNIÃO PARA TRATAR DA FALTA D´AGUA – Documento no 1

            Nós, abaixo assinados, convocamos os moradores da Rua Cataguazes e adjacências, para uma reunião no dia 10/01/93 (Domingo), às 10:00 horas, na sede da Associação de Moradores de Oswaldo Cruz, que fica na esquina das Ruas Cardoso de Melo e Nascimento Gurgel.
            Esta reunião tem a finalidade de possibilitar um trabalho conjunto para se obter a regularização do abastecimento d´agua da CEDAE.
  1 - Alcina Jovita de Lima
  2 – Zulmira Pereira da Silva
  3 – Otávio de Carvalho Filho
  4 – Elizete Correia Cardoso
  5 – Antônio Carlos Abreu
  6 - Neuza da Silva Monteiro
  7 – Mariana Ferreira de Mattos
  8 – Umberto do Carmo Carneiro
  9 – Jorgina Januário Gomide
10 – Irismar Solange Pacheco
11 – Magali Nóbrega de Souza
12 – Joaci Soares
13 – Geraldina Agripino Ambrósio
14 – Armindo Gomes de Lima
15 – Solange dos Santos Oliva
16 – Adelino Pereira
17 – Jorge Amaury Rodrigues
18 – Maria José Pequeno





PRESENÇA NA REUNIÃO DE 10/01/93 – Documento no 2

  1 – Vicente da Luz                                      Rua Jabaíra, 332
  2 – Telma Lopes Reis                                  Rua Riacho Doce, 239
  3 – Pedro Paulo Silva                                  Rua Jabaíra, 302
  4 – Geraldo de Almeida Souza                   Rua Jabaíra, 292
  5 – Agnesi Guedes                                       Rua Jabaíra, 312
  6 – Iraci Vieira de Souza                             Rua Cataguazes, 662
  7 – Sérgio da Silva                                      Rua Cataguazes, 672
  8 – Magali Nóbrega de Souza                     Rua Cataguazes, 662
  9 – Ageu de Lima Moreira                          Rua Nascimento Gurgel, 431
10 – Antônio Teixeira Pinto                          Rua Nascimento Gurgel, 270-Fundos
11 – Irismar Solange Pacheco                       Rua Cataguazes, 650
12 – Armindo Gomes de Lima                      Rua Cataguazes, 534
13 – Umberto do Carmo Carneiro                Rua Cataguazes, 554
14 – Maria de Lourdes de Souza                   Rua Cardoso de Melo, 199
15 – Wilson da Silva
16 – Aurines Cabral de Souza                       Rua Com. Agostinho D´Almeida, 182
17 – Affonso Rodrigues dos Santos              Rua Cataguazes, 517
18 – Maria Ângela Gomide                           Rua Cataguazes, 597 – Fundos
19 – Olívia Carvalho                                     Rua Cataguazes, 597 – Fundos
20 – Maria de Lourdes S. Nascimento          Rua Alberto de Carvalho, 265
21 – Robson Ferreira de Carvalho                Rua Abaçaí, 223 – Tel. 350-5460
22 – Walter A.                                               Rua Cataguazes, 358
23 – José Carlos Cardoso                              Rua Cataguazes, 521 – Fundos
24 – Walmir Soares Seixas                           Rua Dona Vicência, 107 – Tel. 359-8337
25 – Gilsara Abrantes Oliveira                     Rua Nascimento Gurgel, 468, c. 01 – Fundos
26 – Solange dos Santos Oliva                      Rua Nascimento Gurgel, 428
27 – Fernando Oliveira Ferreira                    Rua Alberto de Carvalho, 263
28 – Iolanda Silva V.                                     Rua Jabaíra, 425
29 – Ester Rosa Santiago                              Rua Cataguazes, 445
30 – Maria de Lourdes Moura G.                  Rua Cataguazes, 355
31 – Jorge Portes de Azevedo                       Rua Cardoso de Melo, 315
32 – Durval Abrantes                                    Rua Nascimento Gurgel, 468
33 – Luiz Antônio Santos Oliveira               Rua Nascimento Gurgel, 468, C. 01 – Fundos
34 – Maurício Pitta                                        Rua Cardoso de Melo
35 – Adelino Pereira                                     Rua Cataguazes, 336

            Nessa reunião, pude conhecer o Sr. Aurines Cabral de Souza, que se revelou um grande amigo e de quem aprendi muito sobre a indústria automobilística de modo geral, particularmente sobre a Fábrica Nacional de Motores. Ele tinha uma verdadeira biblioteca sobre esse assunto e me mostrou vários textos importantes. Nós nos visitávamos freqüentemente, pois ele era apaixonado também por Cidadania. Guardei uma das comunicações que ele deixou na nossa caixa do correio:

Frente




Verso



As 2 fotos abaixo mostram que Aurines Cabral era fiel às suas convicções. Ele nunca me confidenciou porque fez propaganda do candidato Chico Alencar, do PT.


Eu o encontrei próximo a uma esquina da Rua Intendente Magalhães, com sua bicicleta e uma banquinha onde se pode ver o cartaz com a foto do Chico Alencar.


Outra vez, foi no ponto da estação de trem de Oswaldo Cruz, afixando um cartaz no poste.



Nessa foto, o Sr. Aurines Cabral está aguardando o portão da sede da Associação de Moradores de Oswaldo Cruz se abrir para participar de um mutirão.



Apesar de não se sentir um católico praticante, foi assíduo nas reuniões da CF-96 da Paróquia de São João Evangelista de Oswaldo Cruz.





Caminhão-pipa da CEDAE na Rua Cataguases, Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, em 1993.


A seguir, temos parte do original do cartaz da reunião de 10/01/93 com as assinaturas:



RESUMO DAS PROPOSTAS APRESENTADAS NA REUNIÃO DE 10/01/93 – Documento no 3


Grupo I – José Cardoso, Clara , Zulmira, Ester, Lourdes, Walter, Luiz Antônio, Gilsara.
            Colocação de uma bomba de recalque na Rua Cataguazes.
            Algo para chamar a atenção: passeata, uma faixa constante, fechar a rua.

Grupo II – Umberto, Maurício, Wilton, Ageu, Antonio, Maninha, Renato, Zão.
            Representante: Robson.
            Listagem da rua com falta d´agua.
            Resolver administrativamente ou juridicamente em paralelo.
            Colocação de uma bomba de recalque – “35 anos de serviço”.
            Fornecimento da planta para quem entende poder surpreender as pessoas desautorizadas manobrando com os registros.

Grupo III – Jorge Portes, Telma, Irismar, Magali, Iraci, Sérgio, Aurines, Durval.
            Levantamento geral da pessoas prejudicadas com vista à definição da situação precária.
            Conhecimento da estrutura de ramificações de fornecimento d´agua.

Grupo IV – Wellington, Geraldo, Affonso, Adelino, Vanderley, Joel, Jorge Rodrigues, Vicente da           Luz, Pedro Silva, Maria de Lourdes.
            Devemos ter influência de algum político
            Suspensão do pagamento das contas de água (Pressão “O”).
            Algumas pessoas acreditam que é problema de manobreiro.
            Foi apresentado um desenho do travessão da rua Jabaíra pelo Geraldo.

COMISSÃO ELEITA A PARTIR DOS GRUPOS ACIMA:

1. Luiz Antônio Santos Oliveira
2. José Carlos Cardoso
3. Francisco José
4. Clara Maria
5. Robson Ferreira de Carvalho
6. Sérgio da Silva
7. Irismar Solange Pacheco
8. Magali Nóbrega de Souza
9. Pedro Paulo Silva
10. Maria de Lourdes
11. Geraldo de Almeida Souza
12. Affonso Rodrigues dos Santos
13. Adelino
14. Wellington


PROPOSTA DE TRABALHO APRESENTADA NA 1a REUNIÃO DA COMISSÃO DO MOVIMENTO PARA REGULARIZAÇÃO DO ABASTECIMENTO D´AGUA NA RUA CATAGUAZES E ADJACÊNCIAS, EM 13/01/93 – Documento no 4


            Introdução – A Rua Cataguazes, notadamente em sua parte mais alta, tem as canalizações da CEDAE com pressão “Zero”, com exceção de alguns dias do ano, que progressivamente, vão se tornando cada vez menos freqüentes. Durante o ano de 1991, por exemplo, para as casas dotadas de cisterna, foi possível manter o abastecimento durante o inverno e a primavera, coletando-se água durante algumas madrugadas de dias feios e chuvosos. A partir do final de outubro de 1991, o abastecimento foi feito exclusivamente pelos caminhões-pipa fretados pela CEDAE, prolongando-se até o mês de maio de 1992, quando foi possível coletar-se água através das canalizações da CEDAE, porém com menos freqüência do que em 1991. Apesar das casas providas com cisternas terem ainda alguma reserva d´agua, curiosamente houve oferecimentos esporádicos dos caminhões-pipa da CEDAE para efetuarem o abastecimento. A partir do início de novembro de 1992, a falta d´agua tem sido total, ficando quase todos os moradores em situação constrangedora. Os caminhões-pipa também desapareceram.
            Surgimento do movimento – Já no dia 4 de janeiro de 1993, muitos moradores tinham estado na CEDAE de Cascadura, fazendo as suas reclamações. Nesse dia, o setor competente daquele órgão informou que nada mais poderia fazer, pois a solução já havia sido apresentada e a obra já devia ter sido executada durante o ano de 1992. A culpa seria das pessoas responsáveis pela liberação da verba destinada à execução de um a adutora de 400mm de diâmetro, cuja identificação na CEDAE se dava através do Doc 19/91. Estranhando a recusa da CEDAE em prover qualquer meio paliativo, ou mesmo de emergência, para amenizar tal situação crítica, os moradores resolveram marcar uma reunião na sede da Associação de Moradores de Oswaldo Cruz, conforme convocação anexa (Documento no 1). Compareceram mais de 30 moradores a essa reunião, discutiram o problema por mais de 3 horas, e elegeram uma Comissão para representá-los na busca de uma solução (Ver documentos 2 e 3).
            Funções da Comissão – A Comissão tem o papel de promover a ligação entre os moradores e as diversas autoridades, canalizando e potencializando as informações e recursos oferecidos pelos moradores, assim como o de colocar em poder dos moradores todas as informações obtidas durante o desenrolar do processo. Para isso, a Comissão goza necessariamente das características de legitimidade, autenticidade, aceitação, transparência etc., pois foi escolhida dentre os próprios prejudicados e é aberta a qualquer participação dos moradores atingidos. A Comissão provém de uma reunião convocada pelos próprios moradores afetados pela falta d´agua, e não por iniciativa de qualquer grupo com interesses estranhos ao movimento, por isso ela não pode ser cobrada, em momento nenhum, de forma intempestiva, pois está a serviço dos moradores para realizar a coordenação do movimento. A sua força está nos moradores, a sua ação é controlada pelos moradores, a sua competência depende da união, da capacidade de organização e luta dos próprios moradores.
            Meios para encaminhamento dos objetivos – Como se sabe, não se consegue levar à prática, mesmo o projeto mais simples, sem os meios materiais mínimos para sua realização. Por exemplo, uma das funções indispensáveis da Comissão é informar sobre o que está ocorrendo, provendo dados para que os envolvidos possam formar uma consciência crítica, analisar as possibilidades, participar de forma sincronizada e harmônica, etc. Para isso é necessário que seja impresso um boletim como este que vocês estão lendo agora. A Comissão sugere que seja arrecadada uma contribuição de cada morador, com a condição que seja informada antecipadamente a finalidade específica da contribuição, seguida de uma prestação de contas ágil e rica em detalhes. Quando os meios necessários provierem de contribuições totais ou parciais, em forma de objetos, serviços, etc., estas deverão constar na prestação de contas, em seus devidos percentuais. Por exemplo, suponha-se que se aprove uma manifestação em frente à Superintendência da CEDAE, em Campo Grande. A Comissão verifica que há necessidade de comunicar a todos os moradores os detalhes da organização desse evento. Um morador oferece 500 cópias Xerox. Um outro morador oferece o carro de som. Há necessidade de deslocamento rápido de membros da Comissão para contato com o quartel da Polícia Militar, etc. Na prestação de contas, entregue a cada morador, constará todos os detalhes, por exemplo:
500 cópias Xerox....oferecidas pelo morador Fulano de Tal
Carro de som......providenciado pelo morador Beltrano
Táxi Oswaldo Cruz/Quartel da PM..........Cr$ 200.000,00
Contribuição em espécie...........................Cr$ 500.000,00
Saldo em 31/01/93................................Cr$ 43.300.000,00
            Comentários finais – Na reunião de 10/01/93, observou-se uma inquietação e constantes ameaças de encrespação das relações entre as pessoas. Essas situações devem ser sempre meditadas e avaliadas. Onde há pessoas humanas, há nervosismos, frustrações, intolerâncias etc. Porém é útil que nos reportemos ao caso de um morador que falou ao microfone para advertir sobre o caso de pessoas que surgem no momento oportuno para aparecer. A solução para esse problema não é causar um mal estar no grupo ao suscitar suspeitas, mas ter a mente sempre voltada para os objetivos e não se irritar com provocações gratuitas. Quando surgir alguém nessas condições, procure analisar suas palavras, quem são seus amigos, qual o seu passado e que tipo de vida leva etc. Essa capacidade de introspecção e análise possibilita você a ter o discernimento necessário para identificar os participantes mais autênticos e bem intencionados, para unir-se a eles e tentar neutralizar os mal intencionados.



RELATÓRIO DA 1a REUNIÃO DA COMISSÃO (Movimento pela regularização do abastecimento d´agua da Rua Cataguazes e adjacências)


            No dia 12 de janeiro de 1993, reuniu-se a Comissão na sede da Associação de Moradores de Oswaldo Cruz, às 20:00h, para dar início à luta pela regularização do abastecimento d´agua na Rua Cataguazes e adjacências. Estiveram presentes à reunião: Francisco José Lins Peixoto, Clara Maria, Maria de Lurdes, Luiz Antônio, Ageu de Lima Moreira, Durval Abrantes, Magali Nóbrega, Geraldo de Almeida, Pedro Paulo, Luciano Oliveira, Affonso Rodrigues, Nilton Antônio, Sérgio da Silva, Fortunato do Carmo Rangel e Iraci Oliveira. A proposta apresentada nessa reunião (Ver documento no 4) não foi aprovada, pois teve apenas alguns de seus pontos insuficientemente discutidos. Na realidade, grande parte do tempo foi dedicada ao problema da Associação de Moradores, pois todos os membros da Comissão votaram a favor da inserção do Movimento no âmbito da Associação de Moradores. Vários moradores presentes expressaram o seu descontentamento com a forma como a Associação vem sendo conduzida, ou seja, sem um entrosamento com seus associados. Informou-se que no dia 20/01/93 haverá eleições na Associação, cuja chapa constará basicamente de 20 nomes de conselheiros e um presidente. As inscrições para outra chapa qualquer já estão encerradas. Os presentes manifestaram ainda o desejo de que a Associação possua uma renda própria para suas despesas essenciais, mediante à cobrança de mensalidades aos associados. Devido a esse tipo de discussões, mal houve tempo para marcação da próxima reunião da Comissão e votação de pelo menos uma das propostas sugeridas pelos moradores na reunião de 10/01/93. A proposta votada e aprovada foi a de que se fizesse um levantamento de todas as residências atingidas pela falta d´agua. Esse levantamento seria também aproveitado para uma tentativa de conscientização dos moradores quanto à importância da Associação de Moradores. Para isso foi estabelecida uma escala entre os presentes, da seguinte forma:
Rua Riacho Doce e Alberto de Carvalho – Maria de Lurdes
Rua Cataguazes – Affonso
Rua Nascimento Gurgel – Ageu de Lima Moreira
Rua Jabaíra – Geraldo
Rua Abaçaí e Cardoso de Melo – Sérgio e Iraci
Ruas Teodomiro, Marajó, Trav. Vitalina – Francisco e Clara
Rua Coelho Lisboa e Com. Agostinho – em aberto.

            A próxima reunião foi marcada para o dia 26/01/93, às 20:00h, na sede da Associação de Moradores de Oswaldo Cruz.

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ANÁLISE E AVALIAÇÃO DA SITUAÇÃO ATUAL

1 – Os moradores mostraram grande disposição de luta e capacidade de organização, desde os primeiros contatos até à reunião de domingo, dia 10/01/93. A partir da reunião da Comissão, em 12/01/93, a crença de que os moradores juntos e organizados conseguiriam sensibilizar as autoridades foi combatida pela idéia de que uma pessoa experiente e com trânsito entre as autoridades faria a coisa melhor. Essa segunda opção é mais fácil de ser aceita porque retorna o indivíduo ao comodismo (Alguém fará por mim – ver exemplo do Pte. Collor), mas a longo prazo os moradores verão que a primeira opção teria lhes dado a chance de aprender também a fazer as coisas, exercendo o seu direito de cidadania.
2 – O problema da Associação é tão grande e importante, que deve-se marcar reuniões só para tratar deste assunto. É injusto que não se trate do assunto específico para que foi convocada a reunião, uma vez que nossas caixas estão secas enquanto o tempo passa. Na verdade, os moradores não foram despertados para a importância da eleição na Associação, no próximo dia 20/01/93, para que pudessem discutir e tentar organizar uma chapa. Chapa única, só em último caso. Votar numa chapa única, dentro das circunstâncias conhecidas agora, e depois discutir o problema parece ser o caminho impossível de se ter uma Associação democrática e participativa.
3 – A decisão da Comissão, de fazer um levantamento prévio, deixa-nos ainda na condição de reverter a situação descrita no item anterior.

Mostramos abaixo a lista de assinaturas da reunião do dia 12/01/93.



RELATÓRIO DA 2a REUNIÃO DA COMISSÃO (Movimento pela regularização do abastecimento d´agua da Rua Cataguazes e adjacências)


            No dia 26 de janeiro de 1993, reuniu-se a comissão na sede da Associação de Moradores de Oswaldo Cruz, às 20:00h, para dar continuidade à luta pela regularização do abastecimento d´agua na Rua Cataguazes e adjacências:

  1. Francisco José
  2. Clara Maria
  3. Luiz Antonio Santos Oliveira
  4. Affonso Rodrigues dos Santos
  5. Robson Ferreira de Carvalho (*)
  6. Wellington Evangelista de Paiva
  7. Sergio da Silva
  8. Ageu de Lima Moreira
  9. Nilton Antonio da Silva
10. Welma Pena Teixeira
11. Aurines Cabral de Souza
12. Iraci Vieira de Souza
13. Solange dos Santos Oliva
14. Gildete Abrantes da Silva Moreira
15. Glória ( Rua Nascimento Gurgel, 216)
16. Delvina ( Rua Nascimento Gurgel, 245)
17. Ademiro Cardoso ( Travessa Vitalina, 91)
18. Nadyr da Silva Estrela ( Travessa Vitalina, 58)
19. Elza Ventura ( Travessa Vitalina, 38)
20. Oscar Luiz de Castro ( Travessa Vitalina, 166)
21. Ester Rosa Santiago
22. Fernando (*)
23. José ( Ex-presidente da Associação) (*)

(*) Não assinaram a lista de presença da reunião.

Lista original de assinaturas
            Foram apresentados os resultados do levantamento das ruas, conforme foi decidido na primeira reunião da Comissão, em 12/01/93, conforme passamos a relatar:

            1.1 – Levantamento da Rua Nascimento Gurgel (Ver as 3 páginas anexas). Esse trabalho foi executado pelo Sr. Ageu, com formulários idealizados pelo mesmo. Por volta do dia 15/01/93, em visita ao Sr. Ageu, o autor deste relatório pôde comparar um outro relatório, de sua autoria, com o do Sr. Ageu, que a essa altura, já havia realizado grande parte do seu trabalho. Mesmo assim, o Sr. Ageu se mostrou receptivo à forma mais ampla e objetiva do novo formulário, de modo que veio a preencher o restante (35%) dos seus formulários anotando o número de pessoas que habitavam cada residência. A grande semelhança entre os dois formulários, confeccionados de forma independente, a dedicação, agilidade e entusiasmo do Sr. Ageu na execução de sua tarefa, contagiou o autor desse relatório, que completando o seu relatório com o item TAXA MÍNIMA, sugerido pelo Sr. Ageu, passou também a realizar a tarefa para a qual se propôs, conforme escala publicada no relatório da primeira reunião.
            O Sr. Ageu de Lima Moreira entrevistou um total de 81 residências, sendo que 65 responderam afirmativamente. Dessas 65, apenas 4 informaram ter o abastecimento d´agua  normal. Observa-se também que algumas residências foram anotadas conforme consta na conta da CEDAE (“Ao consumidor”), e que as outras residências contidas no mesmo lote não tiveram os nomes de seus responsáveis anotados. Nos anexos constam apenas as residências de cujos responsáveis responderam afirmativamente. O relatório original do Sr. Ageu de Lima Moreira encontra-se arquivado para consultas.

            1.2 – Levantamento das Ruas Marajó, Teodomiro e Trav. Vitalina.
            Esse trabalho foi executado pelo autor deste relatório. Observa-se que nenhum dos entrevistados informou ter o seu abastecimento d´agua normal (Ver formulários anexos). O total de residências entrevistadas nessas ruas somam 30 unidades e o número de pessoas atingidas são cerca de 165. Algumas casas tem hidrômetro instalado e a maioria ainda não requereu o pagamento da taxa mínima. Algumas famílias não tem pena d´agua ainda e dependem, portanto, da ajuda de vizinhos. Para agilizar o trabalho, foi distribuído um relatório, de autoria do entrevistador, que informou sobre a origem do movimento e o desenrolar do mesmo até àquela data.

            1.3 – Levantamento da Rua Cataguazes.
            O levantamento da Rua Cataguazes foi executado pelo Sr. Affonso, conforme foi acertado na reunião de 12/01/93 e conforme consta no relatório dessa primeira reunião da Comissão. Nesse caso foram levantadas 21 residências, englobando cerca de 77 pessoas (Ver formulário anexo). Esse levantamento pode ser ampliado, pois ainda existem residências que ainda não foram anotadas. Todas as residências cadastradas nessa rua , até o momento, tem o abastecimento d´agua no nível mais crítico.

            1.4 – A reunião foi encerrada aproximadamente às 9:30h, sem que fosse acertada uma nova data para a próxima reunião.

            1.5 – Avaliação dos resultados obtidos pelo movimento.
                        1.5.1 Até o momento, registram-se 111 residências com abastecimento precário. O número de pessoas entrevistadas totalizam 308, sem contar com as que faltam ser anotadas na Rua Nascimento Gurgel. Os resultados mostram uma média de 3,5 pessoas/residência. Levando-se em conta também que ainda não temos os resultados das ruas Alberto de Carvalho, Riacho Doce, Jabaíra, Abaçaí, Cardoso de Melo e Coelho Lisboa, além de outras que possam surgir, vemos que o nosso potencial é bastante promissor. Quando essas pessoas estiverem adequadamente esclarecidas quanto aos seus direitos de cidadania, além de trazidas ao conhecimento e confiança mútuos, e organizadas segundo uma determinada linha de ação, certamente teremos resultados positivos quanto à regularização do abastecimento d´agua da CEDAE.
                        1.5.2 – Já se faz sentir o progresso alcançado quanto ao entrosamento entre os diversos moradores do bairro de Oswaldo Cruz. Aqueles mais sensíveis aos problemas humanos já não se sentem numa luta solitária, pois já dialogam, se visitam e se ajudam.
                        1.5.3 – Avalia-se também que, a medida que o movimento progredir, os benefícios resultantes das informações que serão obtidas junto aos Órgãos Públicos e Autoridades contribuirão para melhorar a qualidade de vida de todos os moradores envolvidos.

            1.6 – Sugestões aos demais membros da Comissão e moradores em geral.
                        1.6.1. – Que se examine, e se for o caso, se aprove, o relatório da primeira reunião da Comissão. O relato fiel e o mais próximo possível dos acontecimentos importantes para o crescimento e obtenção dos objetivos do Movimento, é, na opinião do autor, a ferramenta que dará credibilidade e possibilidade de participação dos moradores, sem o que não será também possível a participação do autor deste escrito.
                        1.6.2 – Que se estude a viabilidade de recebimento, pelo menos por uma grande maioria dos moradores, de um boletim ou relatório, sempre que fatos importantes acontecerem ou forem planejados.
                        1.6.3 – Uma vez que o movimento não é estático, modificações hão de ser implementadas, à medida que fatos novos forem ocorrendo..., pessoas irão surgindo e outras poderão ser impedidas de realizar suas tarefas dentro da Comissão. Sugere-se que se providenciem pessoas para realizar o levantamento das ruas que faltam e completar os levantamentos que podem ser melhorados. Sempre que possível, dever-se-ia designar representantes que sejam moradores das respectivas ruas em questão, para realizar o levantamento, desta vez com formulários padronizados e assessoria da Comissão.
                        1.6.4 – Devido ao baixo índice de comparecimento à reunião do dia 26/01/93, por parte dos moradores atingidos pela precariedade do abastecimento d´agua, deve-se agilizar a realização do que foi sugerido nos itens precedentes, para que a Comissão possa realizar o seu primeiro contato com os responsáveis pelo abastecimento d´agua. É provável que essa desmobilização tenha razão de ser nas indecisões e falta de consistência no âmbito interno da Comissão. Isso também é natural no início de qualquer processo, mormente quando se tratam de seres humanos. O importante é que se discuta e se promova a estabilidade da Comissão, para que sua ação se inicie junto aos órgãos competentes, visando a uma próxima reunião geral com todos os moradores, para expor o que foi conseguido, ou os insucessos. Dependendo do apoio que surgir nessa reunião, poder-se-á decidir o que fazer a seguir.


Salvo melhor juízo dos demais membros da Comissão, proponho que se publique o presente relatório.

Francisco José Lins Peixoto
(Autor do relatório)





ASSOCIAÇÃO CIVIL DOS MORADORES DE OSWALDO CRUZ
Rua Nascimento Gurgel, 392

COMISSÃO DE REGULARIZAÇÃO DO ABASTECIMENTO DE ÁGUA NO BAIRRO

ASSUNTO: Audiência com o assessor direto do Secretário de Obras do Estado do Rio de Janeiro

Relatório

                        Aos três dias do mês de fevereiro do ano de mil novecentos e noventa e três, cerca das 16h20min, no prédio da secretaria de Obras do Estado do rio de janeiro, sito à Rua São Bento, 08, 7º andar, numa das salas daquele órgão, foi iniciada a audiência marcada para aquela data com o Assessor Direto do Secretário de Obras do Rio de Janeiro, Sr. Dr. Sérgio Lomba, representando o titular do órgão, Sr. Dr. Bocaiúva Cunha, com a finalidade de ouvir diversas reclamações e reivindicações da Comunidade do bairro de Oswaldo Cruz, representado em comissão por seus moradores Robson de Carvalho, (presidente da Associação de Moradores- ACMOC), Sergio da Silva, Luiz Antonio dos Santos Oliveira, Wilma Pena Teixeira, Maria de Lourdes Moura, Ageu de Lima Moreira e Rosangela, após as apresentações de praxe, solicitou-lhe o Sr. Assessor a exposição dos motivos que ali os levaram. Expôs-lhe então a Comissão tais motivos, dizendo que: nosso bairro há anos vem sofrendo com a deficiência do abastecimento de água na região, razão pela qual, já por diversas vezes se faz representar junto CEDAE (Cascadura) buscando a solução do problema, que a cada dia se agrava resultando no que hoje vemos, a ausência total de água nas partes mais altas do bairro trazendo transtornos e desasosego à população, informando ainda que, alega a agência da CEDAE (Cascadura) que o problema do bairro seria resolvido por uma obra, já há projeto a ser executada na Estrada Intendente Magalhães, a qual teve o seu início prorrogado de abril/92 para dezembro/93, e consiste na colocação de adutora 400mm de diâmetro naquela via vindo a aumentar a pressão interna da rede regularizando o fornecimento normal de água à população local e adjacente, e que a prorrogação do início da obra para o fim do ano, não condiz com a necessidade real que ora se faz presente em nossa comunidade, além do que esperava esta que medidas urgentes fossem tomadas para minimizar a situação até que se solucionasse de vez a questão, sugerindo também como alternativa a colocação de bombas de recalque, em pontos estratégicos do bairro compensando a baixa pressão da rede de abastecimento o que talvez fosse medida mais econômica à CEDAE do que o abastecimento mediante caminhões pipas, que é medida precária, ineficiente, e mais oneroso a longo prazo, além de fonte de corrupção, que obriga o usuário a “comprar” ainda que pelo oferecimento de gorjeta, a água que paga em suas contas àquela empresa. Comunicou também a Comissão à àquela Secretaria que, tendo em vista as circunstancias de que no inverno e dias chuvosos a distribuição de água sofre uma acentuada melhora, e que o bairro, em sua parte mais alta, compara-se a uma ilha cercada de água, porém seca em seu interior, no verão e dias quentes, há suspeitas de que a fonte do problema esteja na manobra realizada para abastecimento do bairro, podendo existir desvio da água para o comércio da Estrada Intendente Magalhães, Henrique de Melo e João Vicente, principalmente para os Motéis ali existentes. Solicitou-lhe também a Comissão obras de substituição do encanamento anterior das ruas do bairro por nova tubulação, ressaltando que na Rua Itamotinga tal substituição foi feita e solucionado o problema daquela via, bem como a retirada de um travessão existente na rede da Rua Jabaira que prejudica o abastecimento daquela via pública, e mais o alongamento da rede da Rua Cataguazes, que é interrompida na parte final, o que obriga o uso da rede da Rua Jabaira, pelas moradias do final da Cataguazes. Falou-se também que é urgente a solução do problema que nos aflige, e que a comunidade não está disposta a esperar solução futura que regularmente se transfere, até que se instale um caos total no abastecimento de água em nosso logradouro, que de ano para ano vem piorando de forma acentuada, estando os moradores dispostos a envidar todos os esforços legais para decidir seu objetivo comum, ou seja, a regularização d’água em seu bairro. Foi entregue ao Sr. Assessor um ofício no qual a Associação Cívil dos Moradores de Oswaldo Cruz solicita ao órgão competente a regularização de abastecimento de água em diversas ruas do bairro, bem como mapa do bairro, publicações em jornais com relação ao problema,etc. Disse então aquele assessor que levaria os fatos narrados, e documentação oferecida ao conhecimento do Sr. Secretário de Obras do Estado e que as respostas as nossas reivindicações seria dada ao Presidente da Associação Civil dos Moradores de Oswaldo Cruz, Sr. Robson de Carvalho, no dia seguinte, 04 de fevereiro de 1993, para comunicação aos moradores, frisando que a obra pedida não era tão difícil de ser conseguida em razão de não ser tão onerosa para a CEDAE, bem como que iria agilizar junto aquela empresa medidas emergenciais para abastecimento até a efetiva execução da obra na Estrada Intendente Magalhães. Dispôs então o Funcionário Edison a atender qualquer morador de nossa comunidade que queira informações ou reivindicações daquela Secretaria. Despedimo-nos então, encerrando-se a audiência cerca das 17h45min daquele dia.

                                    Rio de Janeiro, 03 de fevereiro de 1993

                                    Assinado:   A COMISSÃO